Durante o Novembro Azul, as ações de conscientização voltadas à saúde do homem reforçam a necessidade de atenção especial ao câncer de próstata — o mais frequente no sexo masculino, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de comum, o tema ainda é cercado de mitos e desinformação, o que pode atrasar o diagnóstico e comprometer o tratamento.
“O câncer de próstata, assim como a maioria das neoplasias, costuma ser silencioso nos estágios iniciais. Por isso, o exame de PSA (antígeno prostático específico) no sangue é fundamental para a detecção precoce”, explica o oncologista clínico Tiago Giordani Camícia, responsável técnico do Instituto Kaplan/Oncoclínicas, em Uruguaiana (RS). No Rio Grande do Sul, a estimativa é de 3.510 novos casos/ano.
De acordo com o especialista, o rastreamento é recomendado a partir dos 50 anos para a população em geral. Já para homens negros ou com histórico familiar da doença — especialmente quando o diagnóstico ocorreu em parentes de primeiro grau antes dos 65 anos —, o acompanhamento deve começar mais cedo, entre 40 e 45 anos. É indicado associar o exame de PSA ao toque retal porque a dosagem de PSA pode apontar para outras condições, como prostatite e hipertrofia benigna da próstata.
Apesar dos alertas, muitos homens ainda resistem em procurar o médico regularmente. Quando identificado em estágios iniciais, o câncer de próstata pode ter evolução lenta e, em alguns casos, não requer tratamento imediato. Pacientes com PSA baixo e biópsia indicando Gleason 6 (células cancerígenas de baixo risco) podem ser acompanhados por meio de vigilância ativa. Isso significa fazer exames rotineiros de PSA, biópsia da glândula regularmente e ressonância multiparamétrica da próstata, para verificar o desenvolvimento da doença. “Muitos deles passam anos sem necessidade de intervenção, mantendo qualidade de vida”, explica o oncologista.
Camícia reforça que informação e prevenção são as melhores armas. “Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento e de manutenção da qualidade de vida”, afirma.
Por isso, é importante esclarecer algumas questões:
– Câncer de próstata só ocorre em idosos?
Embora o principal fator de risco seja a idade, aumentando significativamente a partir dos 50 anos, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença pode afetar homens de todas as faixas etárias.
– O exame de sangue (PSA) e o toque retal são indicados para identificar o câncer de próstata?
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda tanto o exame PSA quanto o toque retal e os dois podem ser complementares a fim de aumentar a possibilidade de descoberta de alguma anormalidade. Cada caso, no entanto, precisa ser avaliado individualmente para definir a melhor estratégia. Quando há suspeita da doença oncológica, é indicada, ainda, uma biópsia através de ultrassonografia transretal para a confirmação do diagnóstico, que pode ser precedida de uma ressonância.
– Câncer de próstata no estágio inicial não tem sintomas?
Por ser silencioso em suas fases iniciais, seus sinais podem passar despercebidos. Entre os sintomas que merecem atenção estão a dificuldade ou urgência para urinar, jato urinário fraco ou interrompido, dor ou ardor ao urinar, presença de sangue na urina ou no sêmen, dor na região pélvica ou lombar e disfunção erétil. Esses sintomas, porém, não são específicos do câncer e podem ocorrer em outras condições benignas. Por isso, a prevenção e as consultas regulares ao médico são fundamentais para garantir o diagnóstico precoce.
– Atividade física regular é importante na prevenção?
Praticar exercícios contribui para prevenir diversos tipos de câncer e proporciona mais qualidade de vida e bem-estar.
– Aumento do PSA é sinal de câncer de próstata?
Indivíduos com PSA acima de 4 ng/mL devem ser investigados para suspeita deste tumor. Nesses pacientes, antes mesmo de uma biópsia para confirmar o diagnóstico, é importante a realização de ressonância magnética da glândula e uma avaliação médica detalhada. Há outras situações que também podem provocar essa alteração, como a hiperplasia benigna, uma das mais comuns entre os homesn e que tem sintomas semelhantes aos da doença oncológica.
– Vasectomia aumenta risco de câncer de próstata?
Não existem estudos que comprovem essa relação.
– Andar de bicicleta ou a cavalo aumenta o risco de câncer?
A saúde da próstata não é influenciada por esses hábitos, mas podem, eventualmente, impactar temporariamente nos níveis de PSA no sangue. Converse com seu médico sobre esse tema.

