Embora muitos estudos mostrem a importância da saúde bucal para a prevenção de complicações como a perda dos dentes, o tratamento da doença conhecida como periodontite (inflamação da gengiva) tem ajudado a reduzir as complicações inflamatórias associadas a outras doenças. Pesquisadores da Universidade Santo Amaro (Unisa) buscaram identificar os benefícios do tratamento da periodontite no controle da inflamação em pessoas com diabetes.
O estudo liderado pela professora e coordenadora do Mestrado em Ciências da Saúde da Unisa, Carolina Nunes França, avaliou um grupo de indivíduos com periodontite e diabetes Tipo II e comparou os resultados com um grupo de voluntários que apresentavam a inflamação na gengiva, porém não tinham diabetes. As análises realizadas nos laboratórios da Universidade indicaram uma melhora nos processos inflamatórios, especialmente nos participantes com diabetes, com uma maior regeneração e reparo vasculares.
“Após o tratamento da periodontite, notamos um aumento nos níveis de um tipo específico de monócitos, que é uma célula sanguínea auxiliar no controle dos processos inflamatórios, que contribui com a remoção de tecidos mortos, além de regular a imunidade”, comenta a pesquisadora Carolina. O diabetes é classificado em tipo 1 e 2, além do gestacional. No tipo 1, o paciente apresenta uma deficiência quase absoluta na produção de insulina pelo pâncreas e geralmente é diagnosticado durante a infância e adolescência. Já no tipo 2, o mais comum e menos grave, a pessoa possui uma redução na produção de insulina ou pode não conseguir utilizar adequadamente a insulina que produz.
O estudo amplia o entendimento do efeito da saúde bucal em doenças como o diabetes. Nos casos de diabetes tipo 2 observou-se uma melhora nos indicadores inflamatórios após o controle da inflamação na gengiva. “Acreditamos que os resultados obtidos com a pesquisa devem contribuir para novas terapias no cuidado da gengiva dos pacientes com diabetes”, explica a professora.
A pesquisa contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo teve ainda a colaboração de professores e alunos do Mestrado em Ciências da Saúde, docentes do Programa de Mestrado e Doutorado em Odontologia e dos cursos de graduação em Biomedicina, Fisioterapia e Odontologia da Unisa, bem como pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
