O inverno é a estação do ano marcada por baixas temperaturas, aumento da umidade do ar e mudanças bruscas de clima. Esses fatores criam um ambiente propício para o surgimento e a propagação de diversas doenças e nesse contexto é comum as pessoas ficarem em lugares fechados e sem muita ventilação. As crianças são as mais vulneráveis a ter infecções respiratórias, devido à falta de maturidade do sistema imunológico.
São diversas doenças que podem ter sintomas parecidos e exigem atenção dos pais e dos profissionais de Saúde: tosse seca, febre, falta de ar e cansaço são sintomas que podem ser confundidos com gripes, resfriados e até Covid-19. Mas neste inverno duas doenças surgiram com mais frequência – a coqueluche e a bronquiolite.
O professor de Pediatria do Centro Universitário São Camilo, Marcelo Iampolski, explicou como são essas patologias e como elas podem ser prevenidas.
Coqueluche
A doença, na década de 1980, chegou a contaminar cerca de 40 mil pessoas onde? e a cada ano vem apresentando queda, devido à cobertura vacinal, mas por ser uma doença cíclica, que ocorre em intervalos de três a cinco anos, há aumento esperado no número de casos periodicamente. Só neste ano foram notificados 165 casos de coqueluche apenas no estado de São Paulo
“A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella Pertussis, que pode ser transmitida por objetos ou gotículas de tosse e espirros e é especialmente perigosa para bebês que ainda não foram completamente vacinados”, informou Iampolski.
Além de bebês, crianças pequenas e adultos podem desenvolver a doença de forma mais leve. A patologia tem curso prolongado, podendo durar de semanas a meses, sendo frequentemente dividida em três fases: catarral (semelhante a um resfriado), paroxística (tosse intensa) e convalescente (recuperação gradual) e sua prevenção é feita por meio da vacinação dTpa para adolescentes e adultos. Nos bebês devem ser aplicadas no mínimo três doses da vacina pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B), com reforço aos 15 meses de idade e segundo reforço aos 4 anos de idade com a tríplice bacteriana (DTP).
Gestantes devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da 20ª semana de gravidez.
Bronquiolite
Segundo o professor de Medicina do Centro Universitário São Camilo, a bronquiolite é uma patologia causada por um conjunto de agentes, sendo o principal deles o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que tem distribuição sazonal principalmente a partir de março até meados de julho, mas há a circulação durante o ano inteiro. Trata-se de uma infecção viral que acomete o trato respiratório inferior, geralmente precedido por outra infecção de sintomatologia variada. É geralmente benigna , porém principalmente em grupos de riscos como recém nascidos prematuros , menores de seis meses , cardiopatas e crianças com doenças pulmonares podem apresentar complicações mais frequentes .
Ela começa como um resfriado comum e, em alguns dias, evolui para sintomas respiratórios mais graves. A recuperação completa pode levar algumas semanas. Os sintomas podem variar, mas normalmente iniciam-se com coriza, tosse seca, diminuição do apetite e desconforto respiratório mais leve, até sinais de cianose, que é uma coloração azul violácea da pele e das mucosas devido à oxigenação insuficiente do sangue. “Uma ótima notícia foi a liberação do registro para a vacinação contra a bronquiolite. A princípio essa é uma vacina que deve ser aplicada em gestantes no final da gestação e em dose única intramuscular e que se mostrou extremamente eficaz, protegendo o recém-nascido principalmente nos primeiros três meses da vida”, informou o médico.
Iampolski completa que, para prevenir ambas as doenças, as recomendações são evitar levar crianças com idade abaixo de um ano a ambientes aglomerados e sem ventilação, além do contato com pessoas doentes.
Embora as duas patologias afetem o sistema respiratório e possam ser graves, especialmente em crianças pequenas, a bronquiolite é viral e mais comum em bebês, enquanto a coqueluche é bacteriana e pode afetar pessoas de todas as idades, sendo prevenível por meio da vacinação. É importante estar ciente dos sintomas e buscar atendimento médico adequado para o diagnóstico e tratamento corretos