Entre os anos de 2023 a 2025 o Brasil registrou 34.620 novos casos de leucemia, segundo dados do Radar do Câncer. A enfermidade de origem genética tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células saudáveis.
O levantamento mostrou que cerca de 15% dos pacientes tinham casos de Leucemia Mieloide Crônica (LMC); um câncer que progride devagar, afeta os glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo e pode causar anemia, fadiga, infecções, dores nos ossos, perda de peso sem motivo aparente, suor noturno, sangramentos, outros problemas e muitas vezes é diagnosticado de forma casual, durante exames laboratoriais de rotina.
“Como nem todos os doentes apresentam sintomas, a enfermidade por vezes é descoberta com o exame de sangue de rotina. Ao identificar problemas potenciais, é possível tomar medidas preventivas que evitam o desenvolvimento de doenças mais graves”, explica o biomédico Alisson Luiz Silva, especialista em Banco de Sangue e membro do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6).
Importância dos exames preventivos
Segundo o especialista, ao realizar a análise criteriosa do hemograma é possível observar alterações típicas – como a leucocitose (aumento dos glóbulos brancos) – mesmo na ausência de sintomas clínicos evidentes.
E para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, existe o Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crônica (22 de setembro). Embora não tenha cura, a LMC pode ser controlada com tratamento adequado, permitindo boa qualidade de vida aos pacientes.
Análise criteriosa
A analista clínica, doutora em Microbiologia e vice-presidente do CRBM6, Daiane Pereira Camacho, salienta que o biomédico é ‘peça-chave no diagnóstico’ da Leucemia Mieloide Crônica.
“Esse profissional detalha exames laboratoriais mais relevantes – que vão desde o hemograma – até os mais específicos, como o mielograma (que analisa diretamente a medula óssea), a citogenética e a biologia molecular; fundamentais para detectar o cromossomo Philadelphia, uma alteração genética presente em mais de 90% dos casos de LMC”, explica.
Tecnologia e agilidade
Já o uso da tecnologia é essencial no tratamento da LMC; tanto na detecção precoce, quanto no monitoramento da resposta ao tratamento e no ajuste da terapia. Exames como o hemograma, análise citogenética e testes moleculares (como o PCR quantitativo) são fundamentais para o diagnóstico e acompanhamento da enfermidade.
“Essa celeridade é vital. Isso permite que o tratamento seja iniciado mais rapidamente, ajustado com base em dados objetivos, confiáveis e de maneira personalizada”, ressalta Daiane.
Desafios na saúde pública
Apesar dos avanços científicos, o diagnóstico precoce da LMC no Brasil ainda enfrenta obstáculos. A falta de acesso a exames especializados, a ausência de programas públicos específicos de rastreamento e as desigualdades no sistema de saúde dificultam a identificação da doença nos estágios iniciais.
“A realização de exames laboratoriais de rotina é a estratégia mais eficaz para aumentar as chances de detecção precoce. Quanto antes houver a identificação da doença, mais tempo haverá para realizar os tratamentos, preservar a qualidade de vida e a independência do paciente”, complementa a vice-presidente do CRBM6, Daiane Pereira Camacho.
