O fim do ano é, naturalmente, o período em que os brasileiros mais gastam — entre festas, presentes e viagens de férias. Ao mesmo tempo, precisam se preparar para as despesas pesadas de janeiro, como IPVA, material escolar e seguros. Segundo o Datafolha, 43% da população não possui reserva financeira e 84% enfrentou alguma emergência no último ano, o que pode impactar as contas da virada para 2026.
Para Breno Nogueira, especialista em fazer sobrar dinheiro e fundador da Escola do Breno — que já ajudou mais de 20 mil alunos a reorganizarem a vida financeira — o desafio não é só gastar menos, mas criar estratégias para isso. Ele listou 5 passos para atravessar dezembro e entrar em 2026 com as contas organizadas, com base no que mais funcionou entre seus alunos.
- Trate o 13º como parte da renda — não como dinheiro extraPara Breno, o maior erro é enxergar o décimo terceiro como bônus ou “dinheiro livre”. Ele deve entrar no planejamento do mês como parte do orçamento total, para ser distribuído entre contas, dívidas e compromissos futuros. “Quando a pessoa já contabiliza o 13º no orçamento, ela evita a sensação de folga e começa a tomar decisões melhores”, explica.
- Priorize o débitoBreno reforça que o cartão de crédito é um dos maiores inimigos de quem está tentando reorganizar a vida financeira. “No cartão tudo sobe: a fatura, as milhas e a sensação de satisfação. No débito, o dinheiro realmente sai — e isso traz mais sensibilidade ao gasto”, diz. Antes de comprar presentes, viajar ou aproveitar promoções, o ideal é amortizar dívidas com juros altos, como rotativo e cheque especial.
- Reserve parte do dinheiro para as contas de janeiroIPVA, material escolar, seguros e renovações chegam juntos e costumam comprometer boa parte do salário de janeiro. Destinar uma fatia do 13º especificamente para essas despesas previsíveis evita começar 2026 no vermelho.
- Descubra seu limite diário de gastos (o ‘velocímetro’ financeiro)Para quem quer reencontrar o controle, Breno recomenda um método simples: calcular quanto pode gastar por dia. É uma forma prática de balizar decisões diárias sem depender de planilhas complexas.
“Se a pessoa sabe que pode gastar R$ 100 por dia, ela entende rapidamente quando pode ou não fazer uma compra. É isso que cria sobra — e é com essa sobra que nasce a reserva financeira”, diz. A lógica funciona como um velocímetro: gasta mais hoje, reduz amanhã; gasta menos hoje, tem folga depois.
- Cuidado com o ‘milagre financeiro’ e priorize a reserva de emergênciaQuem está apertado costuma acreditar que um dinheiro extra — bônus, férias, herança ou o próprio 13º — vai “resolver tudo”. Para Breno, essa crença abre espaço para decisões ruins, dívidas novas e até golpes.
Em vez de apostar em retornos rápidos, o caminho é calcular o custo de vida e destinar parte desse dinheiro para formar a reserva de emergência. “Emergência não é se vai acontecer, é quando e quanto vai custar. A reserva é o amortecedor que impede que qualquer imprevisto derrube as suas finanças e seus planos”, afirma.

