A URI de Santiago deu um passo que é, ao mesmo tempo, simbólico e concreto. Implementou no espaço da instituição o Banco Vermelho, um marco silencioso, contra a violência de gênero e os feminicídios.
O gesto de pintar um banco de vermelho e gravar nele a inscrição que o transforma em memorial não é um ato isolado. Ele remonta o ano de 2009, quando a artista mexicana Elina Chauvet, consternada com o assassinato brutal de sua irmã pelo companheiro, criou a instalação “Zapatos Rojos”. Centenas de pares de sapatos femininos pintados de vermelho foram dispostos nas ruas de Ciudad Juárez, no estado de Chihuahua, no México, transformando a ausência da irmã em presença simbólica. Cada par era um corpo ausente, mas também uma denúncia pública contra o feminicídio que se multiplicava na região.
Posteriormente, essa semente encontrou solo fértil na Itália, onde nasceu o projeto “La Panchina Rossa”. A ideia era simples e impactante: um banco pintado de vermelho, instalado em espaços públicos, para lembrar que existe um lugar vazio ocupado pela ausência de uma mulher assassinada.
E da Itália, a mensagem se espalhou por diversos países. Os bancos vermelhos atravessaram praças, universidades, escolas e instituições, pedindo silêncio e, ao mesmo tempo, exigindo voz, fazendo um convite a parar, sentar, e não esquecer.
E nesse fio de continuidade que a URI Santiago inseriu-se no dia 29 de agosto. A solenidade realizada na instituição contou com autoridades que reforçaram o peso da iniciativa, dentre as tantas presentes destacaram-se as falas da Secretária de Desenvolvimento Social, Denise Flório Cardoso, representando a vice-prefeita Mara Rebelo; Josieli Miorin, conselheira do CEDM (RS), Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; da Delegada Débora Poltosi, representante da Sala das Margaridas; da Professora da URI Santiago, Rosangela Montagner, estudiosa das relações de gênero, relações de poder e voz ativa na luta contra violência à mulher; e por fim o Diretor Acadêmico da instituição, Professor Izaque Ribeiro.
Mas a presença que deve ser evidenciada é a de quem passa, lê, se indigna e não permite que nenhuma violência seja concebida. O Banco Vermelho da URI Santiago não pede apenas lembrança. Ele exige coragem coletiva. Coragem de não desviar o olhar, de não normalizar o silêncio, de não aceitar a piada, a agressão, o assédio, a humilhação, o controle e o medo.
Sentar-se neste banco é um pacto de não permitir que a ausência de uma mulher assassinada se torne estatística anônima. É o compromisso de se levantar diante da injustiça, seja na rua, em casa, na escola e no trabalho.
O Banco Vermelho não é só memorial. É também aviso. Ele lembra que quem silencia, consente. E que a transformação exige a voz ativa de todos nós.
