Com o avanço do verão e o aumento das temperaturas em praticamente todas as capitais brasileiras, especialistas alertam para um risco que costuma passar despercebido no dia a dia: a maior incidência de doenças transmitidas por alimentos durante períodos de calor intenso.
De acordo com Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos, o calor acelera a multiplicação de microrganismos como Salmonella, Escherichia coli e Staphylococcus aureus, tornando alimentos aparentemente normais um potencial risco à saúde. “Quanto mais quente o ambiente, menor é a margem de erro no preparo, transporte e armazenamento dos alimentos”, explica.
Calor e alimentos: uma combinação crítica
Em temperaturas elevadas, bactérias podem dobrar de quantidade em menos de 20 minutos quando encontram condições favoráveis, como umidade, nutrientes e tempo fora da refrigeração. Por isso, alimentos prontos, carnes, laticínios, molhos, maioneses, sobremesas cremosas e refeições prontas se tornam especialmente sensíveis nesta época do ano.
“O problema é que o alimento contaminado nem sempre apresenta cheiro, cor ou sabor alterados. Isso faz com que muitas pessoas subestimem o risco”, destaca Paula Eloize.
O impacto do calor na rotina do consumidor
Com o aumento das temperaturas, também cresce o consumo de alimentos fora de casa, delivery, refeições prontas e alimentos vendidos em feiras, mercados e eventos ao ar livre. Esse cenário amplia os pontos críticos da cadeia alimentar.
Segundo a especialista, falhas comuns incluem:
- Transporte inadequado de alimentos refrigerados;
- Exposição prolongada de produtos prontos em temperatura ambiente;
- Refrigeração insuficiente em estabelecimentos e residências;
- Manipulação excessiva sem controle de higiene.
“No verão, o tempo que o alimento passa fora da geladeira precisa ser reduzido drasticamente. O que era tolerável em dias frios se torna um risco real no calor”, alerta.
Cuidados essenciais dentro de casa
Paula Eloize reforça que a segurança começa no ambiente doméstico. Alguns cuidados são fundamentais:
- Evitar deixar alimentos prontos fora da geladeira por mais de duas horas, ou por mais de uma hora em dias muito quentes;
- Refrigeração imediata após o preparo ou consumo;
- Armazenar alimentos em recipientes fechados e identificados;
- Reaquecer bem as sobras antes de consumir;
- Redobrar a higiene de mãos, utensílios e superfícies.
Atenção redobrada ao comprar alimentos prontos
Para quem consome refeições prontas ou alimentos preparados por terceiros, a especialista recomenda observar:
- Temperatura de exposição dos alimentos;
- Condições de higiene do local;
- Uso adequado de equipamentos de refrigeração;
- Informações de validade e data de preparo;
- Transporte rápido até a residência, preferencialmente em bolsas térmicas.
“Calor e pressa não combinam com segurança dos alimentos. A escolha do local e o cuidado no transporte fazem toda a diferença”, afirma Paula.
Um alerta de saúde pública
As doenças transmitidas por alimentos tendem a aumentar nos meses mais quentes e podem causar desde quadros leves até internações, especialmente em crianças, idosos, gestantes e pessoas imunossuprimidas.
Para Paula Eloize, falar sobre segurança dos alimentos no verão é uma medida preventiva. “Assim como usamos protetor solar e nos hidratamos mais, também precisamos adaptar nossa relação com os alimentos quando o calor chega. É uma questão de saúde pública”, conclui.
