Sangramentos gengivais frequentes, mau hálito persistente, gengivas inchadas ou doloridas, dentes amolecidos e infecções recorrentes são sintomas muitas vezes tratados apenas como problemas odontológicos. No entanto, podem ser sinais de alerta para complicações que vão além da boca e afetam diretamente o coração.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Pernambuco (UPE), em 2024, mostra que, em estágios avançados, a má saúde bucal pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Isso ocorre porque, quando há processos inflamatórios na boca, os microrganismos envolvidos podem atingir a corrente sanguínea, favorecendo o surgimento de problemas graves.
Para o dentista especialista em Implantodontia da Neodent, Dr. Sérgio Bernardes, é fundamental que os pacientes mantenham um acompanhamento odontológico periódico, garantindo a prevenção e o controle eficaz das doenças bucais. “Além disso, informar o dentista sobre a condição cardíaca permite que o tratamento seja conduzido de forma integrada, preventiva e mais segura, visando minimizar os riscos à saúde geral”, afirma.
O médico cardiologista dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat reforça que, apesar de muita gente não fazer essa associação, existe, sim, uma relação muito próxima entre saúde bucal e saúde cardíaca. “Geralmente, pessoas com má saúde bucal tendem a ter mais doenças cardiovasculares. Entre elas, a gente pode citar, classicamente, a endocardite, que é uma infecção por bactérias que, geralmente, estão presentes na boca e que, ao entrarem na corrente sanguínea, podem causar uma infecção nas válvulas do coração. Além disso, uma inflamação crônica na gengiva também pode estar associada a outras doenças, como a aterosclerose, que pode ser desencadeada por essa condição e levar a um infarto”, comenta o especialista.
A importância da prevenção e dos cuidados com a saúde bucal
A adoção de práticas simples de higiene, como a escovação adequada e o uso diário do fio dental, é essencial para evitar que infecções avancem para estágios mais graves. Consultas regulares ao dentista permitem identificar precocemente alterações que, além de comprometer a saúde bucal, podem desencadear problemas no coração e em outros órgãos.
Pacientes com próteses, implantes ou aparelhos ortodônticos devem ter atenção especial à rotina de higiene bucal, já que esses dispositivos exigem cuidados específicos para evitar o acúmulo de placa bacteriana. Nesse sentido, os alinhadores transparentes podem ser uma alternativa eficaz. “Além da escovação e do uso do fio dental, o tipo de tratamento ortodôntico escolhido pode fazer diferença. Por serem removíveis, os alinhadores permitem que o paciente retire o aparelho durante as refeições e na hora da higiene bucal, facilitando a limpeza e ajudando a reduzir a formação de placa, o que diminui a chance de doenças bucais e, consequentemente, de problemas cardíacos associados” aponta a dentista especialista em Ortodontia da ClearCorrect, Ana Alvoledo.
A integração entre dentistas e cardiologistas é fundamental. Em alguns casos, o tratamento odontológico pode exigir cuidados específicos, como o uso de antibióticos preventivos ou adaptações na anestesia. Por isso, manter todos os profissionais informados sobre o seu estado de saúde é essencial para um cuidado seguro e completo.
