O refluxo gastroesofágico é uma condição que atinge cerca de 20% da população brasileira, segundo estimativas da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Essa doença, que pode ser muito mais do que um simples desconforto, ocorre quando o ácido estomacal retorna para o esôfago, provocando irritação e, em casos mais graves, complicações como úlceras e esofagite.
De acordo com o especialista em endoscopia e cirurgião geral Mauro Jácome, a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é causada, em geral, por alterações na válvula que separa o esôfago do estômago. “Quando essa válvula perde a capacidade de funcionar corretamente, o conteúdo ácido do estômago pode refluir para o esôfago, causando queimação, regurgitação e até tosse crônica”, explica.
Além da clássica azia, a DRGE também pode se manifestar por meio de outros sintomas menos conhecidos, como dor torácica, rouquidão, dificuldade para engolir e até crises de asma. Esses desconfortos comprometem a qualidade de vida do paciente, interferindo no sono e nas atividades diárias.
Ainda que desconfortável, o refluxo tem tratamento. Esse cuidado geralmente começa com mudanças no estilo de vida e medicamentos, como os inibidores de bomba de prótons (IBPs), que reduzem a produção de ácido no estômago. No entanto, para pacientes que não respondem bem a esses medicamentos ou apresentam intolerância, a cirurgia tradicional, chamada fundoplicatura, pode ser indicada. Apesar de eficaz, esse procedimento é invasivo e exige um período de recuperação mais longo.
Uma alternativa moderna e menos agressiva para o tratamento da DRGE é o tratamento endoscópico para refluxo, que tem ganhado destaque entre especialistas, conhecido cientificamente como Transoral Incisionless Fundoplication (TIF). Esse procedimento é realizado a partir de um disposto, o EsophyX, e desenvolve uma técnica para fortalecer ou restaurar a função da válvula esofágica, proporcionando alívio dos sintomas e evitando o refluxo de ácido para o esôfago.
“Esse procedimento é minimamente invasivo, realizado por endoscopia, e apresenta menor risco de complicações quando comparado à cirurgia convencional. A alternativa também é eficaz para pacientes que acabaram se tornando dependentes de medicamentos anti-refluxo porque, ao libertar as pessoas dos sintomas, também alivia a busca por fármacos”, afirma Mauro Jácome.
Com menor tempo de recuperação e sem a necessidade de grandes incisões, o tratamento endoscópico é indicado principalmente para pacientes que não obtêm sucesso com medicamentos e buscam uma solução eficaz e menos invasiva. “É importante que o paciente procure um especialista para avaliar o quadro e discutir as opções de tratamento. O refluxo não tratado pode trazer complicações graves, mas hoje temos avanços significativos que oferecem segurança e qualidade de vida”, conclui Jácome.