Quem nunca sentiu a pele arder, coçar ou ficar avermelhada depois de trocar de sabonete, experimentar um novo creme ou enfrentar um dia de muito calor? Esses sinais são comuns e, na maioria das vezes, associados a uma pele sensível. Só que, dependendo da constância dessas alterações, o que parece ser uma reação temporária pode esconder algo mais complexo.
Vermelhidão, coceira e ressecamento podem esconder uma doença inflamatória que exige acompanhamento médico e cuidados contínuos | Foto: Freepik
Quem nunca sentiu a pele arder, coçar ou ficar avermelhada depois de trocar de sabonete, experimentar um novo creme ou enfrentar um dia de muito calor? Esses sinais são comuns e, na maioria das vezes, associados a uma pele sensível. Só que, dependendo da constância dessas alterações, o que parece ser uma reação temporária pode esconder algo mais complexo.
Vermelhidão, coceira intensa e ressecamento recorrente não são apenas incômodos passageiros: em alguns casos, podem indicar a presença de uma condição crônica chamada dermatite atópica. Mais do que uma pele reativa, trata-se de uma doença genética e inflamatória que exige acompanhamento médico e impacta diretamente na qualidade de vida.
É essa diferença entre o que é momentâneo e o que pede atenção contínua que explica por que tanta gente convive com desconfortos na pele sem saber sua real causa. Conversamos com a dermatologista Alessandra Nogueira, diretora de Medical Affairs da Galderma, para esclarecer dúvidas e trazer orientações práticas para quem convive com a sensibilidade cutânea no dia a dia.
Como diferenciar sensibilidade de doença crônica
“A pele sensível pode ser uma hiper-reatividade a fatores externos, afetando principalmente a face. Já a dermatite atópica é uma doença genética, inflamatória e sistêmica, que muitas vezes começa na infância. Seu principal sintoma, como aponta a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é o prurido, ou seja, uma coceira intensa e persistente, acompanhada da tendência pelo ressecamento e lesões inflamatórias”, explica Alessandra.
Ou seja: se o incômodo aparece de forma localizada e passageira, pode se tratar apenas de sensibilidade. Mas se os sintomas se tornam recorrentes, com crises que atingem áreas maiores do corpo, é hora de procurar um dermatologista.
Atualmente, a dermatite atópica ainda é cercada de muita desinformação. Há quem acredite que a condição seja contagiosa, mas ela não é. Também circula a ideia de que se trata de “falta de higiene”, quando na verdade o excesso de banhos e o uso de produtos inadequados até pioram os sintomas. Outro mito comum é classificá-la como uma condição “psicológica”: o estresse pode sim agravar os sintomas, mas a base da doença é orgânica.
Gatilhos no dia a dia
Quem convive com a doença sabe que pequenos detalhes podem desencadear novas crises. A pele atópica tem uma barreira de proteção fragilizada, o que a torna mais vulnerável a fatores externos. Entre os mais comuns estão:
🔸 clima seco ou mudanças bruscas de temperatura;
🔸 poluição e contato frequente com água quente;
sabonetes com fragrâncias e corantes.
Até a roupa faz diferença: tecidos sintéticos e lã podem causar irritação, enquanto o algodão costuma ser mais seguro. “Dar preferência a roupas de algodão e evitar produtos agressivos já faz diferença”, reforça a dermatologista.
O estado do corpo também influencia
A dermatite não depende apenas do que toca a pele. O corpo como um todo pode apontar sinais de que algo vai mal. Estresse, noites mal dormidas e má alimentação aumentam os níveis de inflamação, criando um círculo vicioso em que a coceira gera mais estresse e o estresse intensifica a coceira.
“Costumo dizer que a pele reflete como estamos por dentro”, explica Alessandra. “Uma dieta rica em ultraprocessados e açúcares, por exemplo, favorece um estado inflamatório geral que se manifesta na pele.”
Nos casos leves e moderados, a alimentação não costuma ser um fator direto e dietas restritivas não são recomendadas sem acompanhamento. Mas em quadros mais graves, alimentos como leite, ovos ou trigo podem ser investigados junto a médicos especialistas.
Como aliviar a coceira
Além da aparência das feridas, a coceira também é um dos sintomas que mais incomoda quem convive com a condição. Algumas medidas simples recomendadas pela especialista podem ajudar no alívio imediato, como por exemplo:
👉 aplicar compressas frias de água filtrada ou termal;
👉 usar hidratantes guardados na geladeira, para efeito calmante;
👉 manter as unhas curtas, evitando ferimentos.
O tratamento prescrito por um dermatologista também pode incluir pomadas específicas para controlar a inflamação.
Hábitos que fazem diferença
Ainda assim, se tem um passo essencial para o tratamento da dermatite atópica, é a hidratação. “Aplicar um bom hidratante diariamente — e, de preferência, mais de uma vez ao dia — pode ser transformador para a pele”, afirma Alessandra.
Outros cuidados que ajudam a prevenir crises:
◾ tomar banhos curtos, de até 10 minutos, com água morna;
◾ usar sabonetes suaves apenas nas áreas necessárias;
◾ secar a pele com toalha macia, sem esfregar;
◾ aplicar o hidratante até três minutos após o banho, aproveitando a pele úmida para selar a hidratação.
No entanto, podem surgir muitas dúvidas a respeito dos produtos adequados para esse cuidado específico. Nogueira explica que, o segredo para boas escolhas está no rótulo.
