Medicina Caseira

“Erva milagrosa”: colheita da marcela une crença e ciência

Foto: Ieda Beltrão

A colheita da marcela – planta símbolo do Rio Grande do Sul – na Sexta-Feira Santa é uma tradição que se repete ano a ano. De acordo com Juliano Finamor, estudioso da cultura gaúcha a população acredita que a planta é abençoada neste dia. A marcela da Sexta-Feira da Paixão passa a ter mais força ainda para combater males como a má digestão, e isso vem desde os indígenas que tinham – e tem – nela uma erva capaz de prevenir diversos males .

E a crença popular encontra base na ciência. O extrato dela realmente alivia o incômodo da má digestão, afirma a farmacêutica da Emater/RS-Ascar, Caroline Crochemore Velloso, que ressalta a importância da planta em vários aspectos, como alternativa para problemas digestivos, por ter uma ação que estimula todos os hormônios no sentido da digestão. Também é uma planta antiinflamatória e ainda pode ser usada para cosméticos como em fórmulas para xampus, para clarear o cabelo, sendo ainda importante para a limpeza dos olhos em casos de algum tipo de infecção ocular. Caroline diz que as pessoas só lembram da marcela no período que antecede a Páscoa, e que a mobilização para a colheita nesse período chega a ser muitas vezes desenfreada.

A planta nativa símbolo do Rio Grande do Sul, tem diminuído muito de um ano para o outro, sendo um dos fatores a questão dos agrotóxicos nas lavouras, mas muito se deve ao fato da planta não ser cultivada. Segundo ela, uma alternativa para o problema seria recolher as sementes que ficam no fundo do pacote ou do vidro onde se guardam as flores, e jogá-las na terra no período de setembro a outubro.

Uma dica é não enterrar muito as sementes, já que a planta necessita de bastante sol. Outro cuidado que se deve ter é em relação à origem da marcela. As plantas colhidas na beira da estrada possuem muito monóxido de carbono liberado pelos veículos e isso estará inserido nos princípios ativos da planta. Portanto, deve-se evitar colher marcela nessas condições.

COMO ARMAZENAR

A tradição ensina a colher no amanhecer, mas a umidade do orvalho tem de ser considerada ao guardar a Achyrocline satureioides, nome científico da planta. Para secar, preferencialmente coloque sobre uma bandeja ou tela, em ambiente arejado e escuro. Quem prefere secar as flores, pendurando o ramalhete, deve ter o cuidado com a poeira, luz e umidade do ambiente. 

Guarde em um pote de vidro, em local escuro, pois a luminosidade degrada os princípios ativos da planta. Se optar por embalar em papel, coloque dentro de um plástico ou pote de vidro para ficar bem vedado. Se quiser plantar, utilize o pó escuro que fica no fundo do vidro, que são as sementes da macela. Para cultivar, a planta precisa de luz. Basta preparar a terra, espalhar as sementes e compactar levemente o solo.

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