O patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, Fabricio Carpinejar, 48 anos, tem refletido bastante sobre a importância da arte e da escrita em tempos de quarentena. Cronista e jornalista, ele teve a visibilidade ampliada como comentarista do programa Encontro, comandado por Fátima Bernardes na TV Globo. Durante uma hora de conversa com Quem, por telefone, o escritor gaúcho, que soma mais de 20 prêmios literários, fala sobre a importância da cultura se manter forte nos dias de hoje.
"A arte me salvou. Quando eu tinha 7 anos, recebi o diagnóstico de retardo mental e minha mãe tirou licença de dois meses do trabalho e me alfabetizou em casa. Ela me ensinou a ler e escrever brincando. Eu não falava, tinha problemas de dicção, sofria muito bullying. Foi escrevendo que eu me encontrei e moldei minha personalidade. A escrita é um palco onde ninguém vai te interromper. Você tem espaço para o crescimento interior. Eu tinha o meu lugar onde poderia ser completamente honesto, não precisaria mentir”, diz ele, filho dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar e autor de livros como Família é tudo, Para onde vai o amor, Minha esposa tem a senha do meu celular e Cuide dos seus pais antes que seja tarde.
Casado com Beatriz Reys, Carpinejar gosta de aproveitar o presente, sem fazer idealizações de um futuro dos sonhos. “A gente passa a vida inteira querendo o sucesso, o reconhecimento, mas o importante é ter paz. Paz comigo, saber que estou onde gostaria de estar, estou com quem gostaria de estar, amo o que faço e nada disso pode ser condenado. A vida que eu sonho não impede a vida que eu tenho. A esperança tortura. Você acaba perdendo as situações agradáveis na esperança de algo que espera que aconteça. E só você paga a conta disso. É melhor que você tenha uma via pequena real do que uma grande vida imaginada. Não vivo uma vida imaginária. Vivo a minha vida com capricho. Gosto de capricho, que é valorizar minha esposa, meus pais, meus amigos, meu entorno e não ficar sendo um projeto de alguém que nem sei se vou gostar de ser.”
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